Como Identificar Dificuldade & Transtorno de Aprendizagem de Má Alfabetização?
Distinguir entre dificuldade de aprendizagem, transtorno de aprendizagem e má alfabetização é crucial para um atendimento eficaz. Vamos detalhar como o psicopedagogo e o neuropsicopedagogo realizam essa identificação.
A identificação é um processo investigativo, sistemático e multidimensional. Ambos os profissionais atuam de forma complementar.
1. Anamnese (Entrevista Inicial)
É a base de tudo. Uma entrevista detalhada com os pais/responsáveis e com a criança/adolescente para levantar:
- História de vida: Gestação, parto, marcos do desenvolvimento (quando sentou, andou, falou).
- História escolar: Desde a educação infantil, relação com professores e colegas, histórico de notas.
- História familiar: Existência de outros casos de dificuldades de aprendizagem na família (forte indicativo de transtorno).
- Aspectos emocionais e comportamentais: Autoestima, motivação, ansiedade, relacionamentos.
- Queixa principal: O que, como e quando os problemas começaram.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

2. Avaliação Psicopedagógica/Neuropsicopedagógica
É a aplicação de uma bateria de instrumentos (testes, atividades e observações) para mapear as habilidades e dificuldades.
- Avaliação das Habilidades Cognitivas:
- Inteligência (QI): Testes como WISC-V são usados para verificar se a dificuldade acadêmica é inesperada em relação ao potencial cognitivo da criança. Um desempenho acadêmico significativamente abaixo do esperado para sua capacidade intelectual é um forte indicador de transtorno de aprendizagem.
- Avaliação de Funções Executivas:
- Avaliam atenção, memória de trabalho, planejamento, flexibilidade cognitiva e controle inibitório. Déficits aqui são centrais no TDAH e frequentemente presentes nos transtornos de aprendizagem.
- Avaliação de Habilidades Específicas:
- Leitura: Velocidade, fluência, precisão e compreensão leitora.
- Escrita: Ortografia, pontuação, coerência textual e caligrafia (motricidade fina).
- Matemática: Cálculo, raciocínio lógico e resolução de problemas.
- Linguagem: Consciência fonológica, processamento auditivo e vocabulário.
- Avaliação Pedagógica:
- Analisa os conhecimentos acadêmicos adquiridos, identificando lacunas específicas no processo de alfabetização e letramento.
- Avaliação Socioemocional:
- Observa a autoestima, a ansiedade em situações de aprendizagem e a motivação para tarefas escolares.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

3. Observação Lúdica e Dinâmica
Durante as sessões, o profissional observa como a criança se engaja nas atividades, sua tolerância à frustração, estratégias que usa para resolver problemas e sua interação social. Isso fornece pistas valiosas que os testes sozinhos não capturam.
4. Triagem de Aspectos Sensoriais e Motores
O neuropsicopedagogo, com sua formação mais voltada para as bases neurológicas, pode fazer triagens para questões como processamento visual e auditivo, que podem impactar a aprendizagem.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

5. Integração de Dados e Hipótese Diagnóstica
Após coletar todas as informações, o profissional cruza os dados para responder às perguntas-chave:
“Há fatores emocionais ou contextuais evidentes que coincidem com o início das dificuldades?” → Aponta para Dificuldade de Aprendizagem.
“O potencial cognitivo é adequado, mas o desempenho acadêmico está muito abaixo?” → Forte indício de Transtorno de Aprendizagem.
“As dificuldades são generalizadas em todas as áreas ou específicas a uma habilidade (ex: apenas leitura)?” → Especificidade sugere transtorno; generalização pode sugerir dificuldade ou má alfabetização.
“A história familiar é positiva para transtornos?” → Fortalece a hipótese de transtorno neurobiológico.
“A criança foi exposta a um método de alfabetização eficaz e sistemático?” → Se não, a hipótese de Má Alfabetização ganha força.