NeuropsicopedagogiaPsicopedagogia

Caso Clínico: “O Enigma do Aluno Invisível”

Este caso revela que por trás de cada aluno “invisível” há um universo cognitivo singular esperando ser reconhecido

Queixa Inicial:
“Carlos, 14 anos, passa despercebido em aula. Não erra, não acerta, não participa. Professores dizem: ‘Ele está sempre no modo avião’.”


Processo Investigativo (10 Sessões)

Sessão 1: Entrevista com a Família

Técnica: Linha do Tempo de Desenvolvimento

  • Dados relevantes:
    • Histórico de “criança fácil” que nunca causou problemas
    • Mudança de escola aos 12 anos (adaptação difícil)
    • Hobby: Montar quebra-cabeças de 1000 peças sozinho

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Sessão 2: Avaliação do Estilo de Aprendizagem

Atividades:

  1. Teste VARK:
    • Visual: 9/10
    • Cinestésico: 8/10
    • Auditivo: 2/10
  2. Observação:
    • Excelente desempenho em tarefas com manipulação concreta
    • Dificuldade em seguir instruções verbais longas

Sessão 3: Análise de Cadernos

Padrão encontrado:

  • Cópias perfeitas do quadro
  • Nenhuma anotação pessoal ou resumo
  • Margens preenchidas com desenhos geométricos precisos

Sessão 4: Avaliação Social (Método Sociométrico)

Dinâmica: Mapa de Relacionamentos da Turma

  • Posição: Isolado voluntário
  • Escolha dos colegas: “Carlos é legal, mas parece que vive em outro planeta”

Sessão 5: Teste de Funções Executivas

Tarefas:

  1. Torre de Londres → 95% de acertos
  2. Teste de Cores e Palavras (Stroop) → Tempo de reação 30% acima da média
  • Conclusão:
    • Excelente planejamento
    • Dificuldade em alternância atencional

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Sessão 6: Entrevista com o Adolescente

Técnica: Método do Personagem

  • “Se você fosse um personagem de videogame, qual seria sua habilidade especial?”
  • Resposta: “Passar despercebido e resolver puzzles sozinho”

Sessão 7: Avaliação de Interesses Profundos

Instrumento: Mapa de Talentos

  • Áreas de excelência:
    • Padrões visuais
    • Solução lógica de problemas
    • Autodidatismo (aprendeu japonês sozinho)

Sessão 8: Avaliação Emocional

Técnica: Escala de Alexitimia

  • Dificuldade em identificar e nomear emoções
  • Frase-chave: “Não sei o que sinto, só sei que prefiro ficar quieto”

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Sessão 9: Integração de Dados

Mapa Cognitivo:

  • Forças: Pensamento sistêmico, memória visual
  • Desafios: Engajamento social, expressão verbal

Sessão 10: Hipótese Diagnóstica

Conclusão:

  1. Perfil Cognitivo Não-Verbal Superior
  2. Transtorno do Processamento Auditivo
  3. Traço de Personalidade Esquivo

Parecer Final:
“Carlos não é desinteressado – ele opera em frequências diferentes. Seu silêncio não é vazio, mas um espaço rico em processamento interno que o sistema tradicional não sabe acessar.”


Plano de Intervenção em 3 Pilares

1. Adaptações Pedagógicas

  • Sistema de Aprendizagem Baseado em Projetos:
    • Tarefas com componentes visuais (mapas mentais, diagramas)
    • Opção de demonstrar conhecimento através de:
      • Modelos 3D
      • Programação de jogos simples
      • Storyboards

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2. Treino de Habilidades Sociais

  • Grupo de Interesse Especial:
    • Encontros com outros alunos com perfis similares
    • Atividades estruturadas com:
      • Jogos de estratégia
      • Discussões sobre temas específicos

3. Comunicação Alternativa

  • Sistema de Sinalização Não-Verbal:
    • Cartões com cores para participação (verde = concordo, amarelo = tenho dúvida)
    • Diário de Aprendizagem Digital com:
      • Emojis para autoavaliação
      • Espaço para desenhos e esquemas

Materiais de Apoio

FinalidadeRecurso
AvaliaçãoKit de quebra-cabeças com padrões complexos
IntervençãoSoftware de criação de diagramas (MindMeister)
MonitoramentoPulseira com sensor de estresse (para identificar picos de ansiedade social)

Resultados Esperados

TempoMeta
3 mesesParticipação em 1 atividade grupal por semana
6 mesesUso de pelo menos 2 formas alternativas de demonstração de aprendizagem
1 anoAutoidentificação como “pensador visual”

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Frase do Carlos:
“Descobri que posso aprender do meu jeito, mesmo sem gostar de falar.”


Lições para Educadores

  1. O silêncio pode ser uma forma de processamento profundo
  2. Alunos “invisíveis” muitas vezes possuem talentos ocultos
  3. Sistemas tradicionais de avaliação podem ser cegos a certas inteligências

Pergunta Reflexiva:
Quantos “Carlos” estão passando despercebidos em nossas salas de aula por não se encaixarem nos moldes convencionais de participação?


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