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Validação na Prática vs. Validação Científica: Um Diálogo Necessário na Psicopedagogia

A Pergunta que Não Quer Calar

“Há mais de uma década, eu e milhares de colegas psicopedagogos e neuropsicopedagogos temos usado ferramentas específicas para identificar e intervir nos transtornos do neurodesenvolvimento. Nossa área, como sabemos, é fértil em prática, mas ainda carece de regulamentação e de um órgão central validador.

Nesse cenário, uma pergunta frequente (e justa!) surge: ‘Esses materiais são validados cientificamente?’

Hoje, quero convidar você para uma reflexão mais ampla. Vamos explorar os diferentes tipos de validação e entender por que a validação pela prática não é uma ‘segunda opção’, mas uma fonte riquíssima de evidência que merece seu lugar de destaque.”


Os Dois Pilares da Credibilidade: A Torre e a Rua

Imagine dois pilares que sustentam a credibilidade do nosso trabalho:

1. O Pilar Acadêmico-Científico (A Torre):

  • Como funciona: Através de estudos controlados, realizados preferencialmente em universidades, com grupos de intervenção e controle, análise estatística rigorosa e revisão por pares anônimos.
  • Seu Grande Ponto Forte: Oferece altíssimo controle e busca provar uma relação de causa e efeito, livre de viés. É a validade interna.
  • Seu Desafio: Pode ser um processo lento e, às vezes, desconectado da realidade complexa e multifatorial da nossa clínica ou sala de aula.

2. O Pilar da Validação pela Prática (A Rua):

  • Como funciona: É o teste no mundo real. Quando um material é utilizado por milhares de profissionais, por anos a fio, em contextos diversos (do Brasil à África), e gera resultados positivos consistentes.
  • Seu Grande Ponto Forte: Oferece o que chamamos de validade ecológica. Ou seja, prova que a ferramenta funciona na vida real, com todas as suas variáveis imprevisíveis. É o “teste do tempo” e do “campo de batalha”.
  • Sua Base de Evidência: Não é “apenas” um depoimento. É um consenso prático construído por uma comunidade. Milhares de profissionais não continuariam usando algo que não gerasse resultados tangíveis.

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Não é “Um ou Outro”, é “Um e Outro”

Esses pilares não são rivais. Eles são complementares.

A validação científica responde: “Isso funciona sob condições ideais e controladas?”
A validação prática responde: “Isso funciona no seu consultório, com a sua realidade, na sua segunda-feira de manhã?”

Um material validado no mundo acadêmico é um ótimo ponto de partida. Um material que também é validado na prática por uma legião de profissionais é um ponto de chegada consolidado.

A longevidade e a adoção em massa são, talvez, um dos processos de validação mais democráticos e implacáveis que existem. O mercado de profissionais é inteligente e crítico. Ferramentas ineficazes são naturalmente descartadas.


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Nossa Responsabilidade Compartilhada

Enquanto nossa área não possui uma regulação formal, nós, profissionais da prática, temos a responsabilidade de construir e adotar critérios rigorosos de qualidade. A validação pela prática, quando sistemática e documentada (com relatos de caso, troca de experiências e aplicação criteriosa), é um desses critérios.

Meu trabalho sempre foi guiado por essa premissa: ouvir a prática para refinar a teoria. Os milhares de materiais aplicados e os incontáveis relatos de evolução que recebemos são a minha bússola. Eles me mostram que estamos no caminho certo, tocando a vida real das crianças, famílias e escolas.

E você, colega, qual a sua experiência? Você já parou para pensar no poder da sua própria prática como ferramenta de validação?

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Deixe nos comentários: Qual material ou estratégia que você usa há anos e que se mostrou indispensável na sua prática, mesmo sem um artigo científico que o respalde? Vamos celebrar juntos o conhecimento que nasce da nossa ação!

Daliane Oliveira – Pp. Co-Fundadora e Escritora com + de 140 Materiais Especializados na Identificação, Intervenção e Avaliação dos Transtornos do Neurodesenvolvimento na Prática – 2025

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