Caso Clínico: Quando o Corpo Fala o que as Palavras não Conseguem
Um Caso de Dispraxia e Aprendizagem
Identificação:
- Nome: Daniel (nome fictício), 9 anos
- Queixa principal: “Desastrado”, “tímido demais”, “não acompanha a turma na escrita”
- Histórico escolar:
- Dificuldades desde a Educação Infantil (não conseguia abotoar roupas, derrubava materiais)
- Letra extremamente irregular e lenta
- Evitava atividades esportivas e de educação artística
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1. A Avaliação que Revelou o Verdadeiro Desafio
Observações Iniciais:
- Postura curvada ao escrever
- Dificuldade em segurar corretamente lápis, tesoura e outros objetos
- Movimentos descoordenados ao tentar pular corda ou bater palmas ritmadas
Bateria de Testes:
- Avaliação Motora Fina:
- Pontuação abaixo do esperado para a idade em destreza manual
- Dificuldade em sequências motoras (ex.: virar páginas uma a uma)
- Avaliação de Processamento Sensorial:
- Hipersensibilidade tátil (rejeitava massinha, tinta guache)
- Dificuldade em cruzar a linha média do corpo
- Diagnóstico Final:
Dispraxia Desenvolvimental + Disgrafia Motora
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2. O Plano de Intervenção “Corpo em Ação”
Fase 1: Fundamentos Sensório-Motores
- Integração Sensorial:
- Caixa de texturas (areia, arroz, algodão) para dessensibilização tátil
- Escovação terapêutica antes das atividades de escrita
- Consciência Corporal:
- Circuitos psicomotores com túnel, bambolê e corda
- Yoga infantil para melhorar postura e equilíbrio
- Preparação para a Escrita:
- Exercícios de pressão em bolinhas de gel
- Pintura em cavalete para trabalhar movimento de pinça
Fase 2: Adaptações Específicas
- Material Escolar Adaptado:
- Lápis com grip triangular
- Caderno inclinado
- Tesoura com mola
- Técnicas de Escrita:
- Letras ampliadas no chão (escrever com os pés)
- Treino com letras 3D antes do papel
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Fase 3: Autoestima e Participação
- “Missões” semanais com desafios motores graduais
- Diário de conquistas com fotos dos progressos
- Parceria com o professor de Educação Física para atividades inclusivas
3. Resultados Transformadores
Timeline de Progresso:
Tempo | Conquistas Motoras | Conquistas Escolares |
---|---|---|
1 mês | Segurava o lápis corretamente | Cobria o papel ao colorir |
3 meses | Cortava papel na linha | Letras mais estáveis |
6 meses | Amarrava os cadarços | Velocidade de escrita aumentou 50% |
1 ano | Participava das aulas de artes | Produzia textos legíveis |
Depoimento da Mãe:
“Antes ele chorava para ir à escola. Agora mostra orgulhoso que consegue escrever como os amigos.”
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4. Lições Fundamentais
- Dificuldades motoras podem mascarar potencial cognitivo
- Antes de ensinar a escrever, precisamos preparar o corpo para escrever
- Crianças com dispraxia precisam de 3x mais repetição – mas com abordagem lúdica
Dica Prática:
👉 Teste Rápido de Habilidades Motoras:
Peça para a criança:
- Desenhar um círculo no ar com o pé
- Fazer o movimento de tesoura com os dedos
- Pular alternando os pés
Dificuldades nestes movimentos podem indicar necessidade de avaliação
5. Materiais para replicar a Intervenção
Kit Básico para Profissionais:
- Bolas sensoriais de diferentes texturas
- Lápis adaptados e papel carbono
- Pista gráfica para treino de letras (plástico lavável)
Como a Escola Pode Ajudar:
- Permitir o uso de notebook para textos longos
- Oferecer atividades motoras antes das tarefas de escrita
- Criar um “cantinho do movimento” na sala
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Reflexão Final:
“Daniel não precisava de mais exercícios de caligrafia. Precisávamos ajudá-lo a fazer as pazes com seu próprio corpo.”