Caso Clínico: “O Transtorno Invisível – Quando Ouvir não é o mesmo que Entender”
💁Por que esse caso é valioso?
- Transtorno desconhecido (atinge 3-5% das crianças, mas raramente diagnosticado)
- Frequentemente confundido com desatenção ou má vontade
- Abordagem inovadora que combina tecnologia e adaptações simples
- Destaque para neurociência aplicada à educação
💁DADOS DO PACIENTE
- Nome: Daniel Ribeiro (nome fictício)
- Idade: 10 anos
- Série: 4º ano do Ensino Fundamental
- Encaminhamento: Neuropediatra, após avaliação inconclusiva para TDAH
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💁HISTÓRIA CLÍNICA E RELATO FAMILIAR
Queixa Principal:
“Ele ouve perfeitamente, mas age como se não entendesse. Pede para repetir tudo, confunde ordens e só aprende quando vê escrito.” (Relato da avó, Maria Ribeiro, 58 anos, cuidadora principal)
História Escolar Atípica:
- Audição normal (testes auditivos sempre intactos)
- Dificuldades específicas:
- Em ambientes ruidosos: Não consegue focar na voz do professor
- Confusão com sons similares: “Faca” vs “Vaca”, “46” vs “64”
- Memória auditiva curta: Esquece instruções orais em 2 minutos
- Habilidades preservadas:
- Excelente desempenho em tarefas visuais
- Ótimo em informática e quebra-cabeças
Histórico Relevante:
- Atraso na fala até os 3 anos
- Histórico de otites na primeira infância
- Família: Pai com dislexia (avaliar comorbidade)
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💁AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Testes Realizados:
- Avaliação Audiológica Completa:
- Teste Dicótico de Dígitos: Acertos abaixo do 5º percentil
- Padrão de Erros: Dificuldade em filtrar informação auditiva relevante
- Avaliação Neuropsicológica:
- Discrepância entre QI Verbal (85) e QI de Execução (112)
- Memória visual superior à média
- Questionário SCAN-3:
- Pontuação elevada em:
- Figura-fundo auditiva
- Ordenação temporal
- Pontuação elevada em:
Hipótese Diagnóstica (CID-10 – H93.25):
- Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC)
- Diagnóstico Diferencial:
- TDAH (descartado pela boa atenção visual)
- Dislexia (descartada pela leitura preservada)
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💁PLANO DE INTERVENÇÃO INOVADOR
1. Adaptações Ambientais (Escola):
- Sistema FM: Microfone do professor para fones de Daniel
- Postura em sala: Sentar na primeira carteira, longe de janelas
- Material visual sempre disponível antes das explicações orais
2. Treinamento Auditivo Especializado:
- Programa Fast ForWord: 30min/dia, 5x/semana
- Jogos de Discriminação Sonora:
- “Caça ao som” (identificar direção de sons)
- “Sequência musical” (repetir padrões de batidas)
3. Estratégias Compensatórias:
- Linguagem escrita para tudo:
- Listas de tarefas
- Instruções por WhatsApp
- Sinais visuais combinados:
- Cartão vermelho = silêncio necessário
- Cartão verde = hora de responder
4. Apoio Emocional:
- Grupo de habilidades sociais para crianças com TPAC
- Diário de conquistas para autorregistro de progressos
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💁DESTAQUE NEUROCIENTÍFICO
- Exame de Potenciais Evocados Auditivos:
- Latência prolongada na via auditiva central
- Explica a “lentidão” no processamento
Frase Reveladora:
“Na minha cabeça as palavras chegam embaralhadas, como um rádio fora da estação.” (Daniel durante avaliação)
💁PROGNÓSTICO
- Melhora de 40-60% na compreensão oral em 1 ano com intervenção
- Fatores positivos:
- Plasticidade cerebral na infância
- Avó altamente envolvida
Dra. Daliane Oliveira
Psicopedagoga | Pesquisadora em Neuroaprendizagem