Caso Clínico: “Quando a Mão não Acompanha a Mente: Desvendando a Disgrafia”
💁Por que este caso é interessante?
- Aborda um transtorno pouco discutido, mas que afeta 10-15% das crianças em fase escolar.
- Mostra a diferença entre disgrafia e dislexia, comum de ser confundida.
- Oferece estratégias práticas para pais e professores.
💁DADOS DO PACIENTE
- Nome: Ana Beatriz Lopes (nome fictício)
- Idade: 8 anos
- Série: 2º ano do Ensino Fundamental
- Encaminhamento: Professora e coordenação pedagógica, devido a “dificuldades extremas na escrita, mesmo com domínio do conteúdo”.
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💁HISTÓRIA CLÍNICA E RELATO FAMILIAR
Queixa Principal:
“Ana sabe tudo na oralidade, mas quando precisa escrever, sua letra fica ilegível, e ela demora muito mais que os colegas.” (Relato da mãe, Juliana Lopes, 32 anos).
História Escolar e de Linguagem:
- Leitura: Adequada para a idade, com boa compreensão de texto.
- Escrita:
- Letra ilegível (mistura de cursiva e bastão, tamanho irregular).
- Dificuldades específicas:
- Espaçamento: Palavras coladas ou muito distantes.
- Pressão no papel: Muito forte (rasga o papel) ou muito fraca (quase não aparece).
- Organização no papel: Não respeita margens ou linhas.
- Lentidão extrema: Demora 3x mais que os colegas para copiar do quadro.
Contexto Emocional:
- Frustração: “Eu não consigo escrever bonito como os outros!” (choro durante as tarefas).
- Estratégias de fuga: Inventa desculpas para não escrever (“minha mão dói”).
Histórico Relevante:
- Avaliação motora: Dificuldades em atividades finas (amarrar cadarços, usar tesoura).
- Sem histórico neurológico ou cognitivo.
- Família: Nenhum caso conhecido de disgrafia ou dislexia.
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💁AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Testes Aplicados:
- Escala de Avaliação da Disgrafia (adaptada):
- Legibilidade: 2/10 (quase ilegível).
- Velocidade: 5 palavras/minuto (média esperada: 15-20).
- Teste de Coordenação Motora Fina:
- Dificuldade em:
- Traçar linhas retas sem sair do caminho.
- Recortar figuras com precisão.
- Dificuldade em:
- Análise de Produção Escrita:
- Erros consistentes:
- Letras espelhadas (ex.: “d” por “b”).
- Omissão de letras em palavras longas.
- Erros consistentes:
Hipótese Diagnóstica (CID-10 – F81.1):
- Disgrafia Motora (transtorno específico da escrita, sem déficit intelectual).
- Diagnósticos Diferenciais:
- Dislexia (descartada pela boa leitura).
- TDAH (avaliar se há desatenção em outros contextos).
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💁PLANO DE INTERVENÇÃO
1. Terapia Ocupacional (2x/semana):
- Exercícios de Motricidade Fina:
- Amassar papel crepom para fortalecer a musculatura.
- Pintura com giz de cera para controle de pressão.
- Adaptação de Materiais:
- Uso de lápis com grip triangular.
- Caderno com linhas destacadas (verde para base, vermelho para topo).
2. Intervenção Psicopedagógica:
- Atividades de Pré-Escrita:
- Traçar letras em caixas de areia.
- Cobrir letras pontilhadas com canetas coloridas.
- Tecnologia Assistiva:
- Uso de teclado para produções textuais longas.
3. Adaptações Escolares:
- Redução de Cópia: Fornecer materiais impressos.
- Tempo Extra: 50% a mais em atividades escritas.
- Avaliação Oral: Sempre que possível.
4. Orientação à Família:
- Atividades em Casa:
- Jogos de encaixe (Lego, quebra-cabeças).
- Pintura com os dedos para desenvolver coordenação.
- Diário de Progresso: Registrar 1 melhoria por semana.
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💁DESTAQUE CLÍNICO: O TALENTO ESCONDIDO
- Força na Oralidade: Ana consegue contar histórias complexas verbalmente.
- Desenho: Habilidade artística preservada (detalhes em figuras).
💁PROGNÓSTICO
- Melhora esperada em 6–12 meses com intervenção.
- Indicador de Sucesso: Aumento de 50% na legibilidade.
Dra. Daliane Oliveira
Psicopedagoga | Autora do Blog PsiquEasy