Caso Clínico: “Quando o Cérebro Saber, mas o Corpo não Obedece: Um Caso Real de TDC”
Por que este caso chama atenção?
- Aborda um transtorno pouco discutido (TDC afeta 5–6% das crianças).
- Mostra o impacto emocional do fracasso motor na autoestima.
- Proposta de intervenção prática e multidisciplinar.
💁Dados do Paciente
- Nome: Lucas Almeida (nome fictício)
- Idade: 8 anos
- Sexo: Masculino
- Escolaridade: 2º ano do Ensino Fundamental
- Encaminhamento: Feito pela escola devido a “dificuldades motoras graves” que interferem na aprendizagem e socialização.
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💁História Clínica e Relato Familiar
Queixa Principal:
“Meu filho é inteligente, mas parece desengonçado. Cai muito, não consegue amarrar os sapatos, e na escola sofre bullying porque não joga bola como os outros.” (Relato da mãe, Renata Almeida, 35 anos).
Desenvolvimento Motor (Marcos Relevantes):
- Primeiros anos: Atraso leve para sentar (8 meses) e andar (18 meses).
- Infância: Dificuldade em segurar lápis, recusava brincadeiras com quebra-cabeça ou blocos.
- Atualmente:
- Tropeça frequentemente, mesmo em superfícies planas.
- Letra ilegível (“parece de uma criança menor”, segundo a professora).
- Evita atividades como pular corda ou andar de bicicleta.
- Curiosidade: Adora videogames (jogos de estratégia), mas evita os que exigem coordenação rápida.
Contexto Escolar:
- Professora relata:
- Dificuldade em usar tesoura, régua ou copiar textos do quadro.
- Lentidão para vestir o uniforme após a aula de Educação Física.
- Isolamento progressivo durante recreio (“prefere ler sozinho”).
Histórico Médico:
- Sem lesões neurológicas ou condições genéticas conhecidas.
- Fisioterapia motora aos 4 anos (sem diagnóstico fechado).
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💁Avaliação Psicopedagógica e Motora
Testes Aplicados:
- MABC-2 (Movement Assessment Battery for Children):
- Pontuação abaixo do percentil 5 em habilidades manuais e equilíbrio.
- BHK (Escala de Avaliação da Escrita Infantil):
- Velocidade de escrita 40% mais lenta que a média da turma.
Critérios para Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC – DSM-5):
- Prejuízo significativo em atividades que exigem coordenação motora (ex.: escrita, esportes).
- Impacto negativo no desempenho acadêmico e vida social.
- Início precoce dos sintomas (desenvolvimento infantil).
- Não explicado por deficiência intelectual, neurológica ou visual.
Hipótese Diagnóstica Primária:
- F82 – Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC).
- Diagnósticos Diferenciais:
- Dispraxia (avaliação complementar com neurologista).
- TDAH (avaliar comorbidade, pois 50% dos casos de TDC têm sobreposição).
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💁Plano de Intervenção
1. Terapia Ocupacional (2x/semana):
- Treino de habilidades motoras finas (exercícios com massinha, pinças).
- Adaptação de materiais (lápis com grip, caderno com linhas destacadas).
2. Educação Física Adaptada:
- Atividades aquáticas (natação) para melhorar equilíbrio sem risco de quedas.
- Jogos cooperativos (evitando competições que frustrem Lucas).
3. Apoio Psicopedagógico:
- Uso de tecnologia assistiva (computador para ditados extensos).
- Plano de Aula Individualizado (PAI): Tempo extra para tarefas escritas.
4. Orientação à Família e Escola:
- Em casa: Envolver Lucas em tarefas motoras simples (ex.: dobrar roupas).
- Na escola: Evitar expô-lo em atividades públicas (ex.: escrever no quadro).
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💁Destaque Clínico: O Paradoxo de Lucas
- Inteligência preservada (QI verbal superior à média), mas corpo “desconectado”.
- Frustração evidente: “Por que eu não consigo fazer o que os outros fazem?” (fala durante avaliação).
💁Prognóstico
- Melhoras significativas esperadas em 12–18 meses com intervenção.
- Fatores positivos: Motivação para aprender, família engajada.