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Caso Clínico: “Por que números não fazem sentido? Discalculia do Desenvolvimento em uma Adolescente”

Por que este caso é Relevante?

✔ Diferencia discalculia de outras dificuldades (ex.: TDAH, ansiedade).
✔ Mostra avaliação baseada em evidências (testes validados).
✔ Oferece estratégias práticas para clínica, escola e família.
✔ Ilustra a importância do manejo emocional em transtornos de aprendizagem.

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Identificação da Paciente

  • Nome (fictício): Sofia, 12 anos.
  • Encaminhamento: Escola (dificuldades persistentes em matemática desde o 1º ano).
  • Histórico:
    • Sem atrasos motores ou de linguagem.
    • Boa leitura e escrita, mas “trava” em atividades numéricas.
    • Frases frequentes: “Números são códigos que não entendo”.

Queixas Principais

  1. Dificuldades Específicas:
    • Não automatizou operações básicas (ex.: 7 + 3 = ?).
    • Erra ao escrever números (inversões como “61” por “16”).
    • Dificuldade em entender conceitos como “maior que/menor que”.
    • Não compreende horas no relógio analógico.
  2. Impacto Emocional:
    • Ansiedade em aulas de matemática (choro, dor de barriga).
    • Evita jogos com pontuação ou dinheiro de brincadeira.

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Avaliação Neuropsicopedagógica

1. Entrevista com Família e Escola

  • Pais relatam que Sofia sempre usou os dedos para contar, mesmo após os 8 anos.
  • Professores: Ela decora passos, mas não compreende a lógica”.

2. Testes Aplicados

  • Coleção Avaliação da Aprendizagem Vol.02 e 03:
    • Escrita: Adequada para a idade.
    • Leitura: Percentil 85.
    • Matemática: Percentil 5 (severamente abaixo).
  • DAE 2.0 Vol.07 (Bateria para Avaliação de Discalculia):
    • Déficits em:
      • Contagem oral e escrita.
      • Cálculo mental (ex.: “Quanto é 15 – 7?” → Erra mesmo com dedos).
      • Reconhecimento de símbolos matemáticos (confunde “+” e “×”).
  • Teste de Inteligência – PsiquEasy:
    • QI Verbal: 110.
    • QI Execução: 85 (destaque para baixo raciocínio matricial e memória de trabalho numérica).
  • Provas de Memorização Visual – Teste de Memória Numérica:
    • Dificuldade em repetir sequências acima de 3 números.

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3. Observação Clínica

  • Sofia desvia o olhar ao manipular quantidades.
  • Usa estratégias imaturas (ex.: contar de 1 em 1 para 5 + 2).

Hipóteses Diagnósticas

  1. Discalculia do Desenvolvimento (Transtorno Específico da Matemática – CID-11 6A03.0).
    • Critérios:
      • Dificuldade persistente, sem relação com QI ou ensino inadequado.
      • Prejuízo em habilidades numéricas básicas (contagem, magnitude).
  2. Diferenciais Descartados:
    • TDAH: Desatenção restrita a contextos matemáticos.
    • Ansiedade Matemática: Sintomas existem, mas são secundários ao déficit primário.

Plano de Intervenção

1. Reabilitação Neuropsicopedagógica (Clínica)

  • Estimulação do Sentido Numérico:
    • Materiais concretos: Ábaco, blocos lógicos, dinheiro de brincadeira.
    • Jogos adaptados: Dados com pontos grandes, “War” com cartas numeradas.
  • Estratégias Compensatórias:
    • “Cola” de algoritmos: Passo a passo visual para operações.
    • Associação com cores: Verde para “+”, vermelho para “–”.
  • Trabalho Emocional:
    • Técnicas de relaxamento para ansiedade.
    • Diário de “pequenas vitórias” (ex.: acertar 3 contas simples).

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2. Adaptações Escolares

  • Uso de calculadora para problemas complexos.
  • Provas orais em matemática.
  • Tempo adicional em atividades.

3. Orientação à Família

  • Evitar frases como “Você não se esforça”.
  • Praticar matemática em contextos cotidianos (ex.: receitas, troco).

Evolução (6 Meses Depois)

  • Progressos:
    • Consegue resolver adições/subtrações até 20 com material concreto.
    • Redução de inversões numéricas (ex.: 31 vs. 13).
    • Menos resistência a atividades matemáticas.
  • Desafios Contínuos:
    • Dificuldade em multiplicação/divisão.
    • Necessidade de reforço visual para problemas escritos.

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Comentários do Profissional

Dica para Profissionais:

  • Discalculia frequentemente coexiste com dislexia (avaliar também leitura!).

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