Psicopedagogia

Estudo de Caso Psicopedagógico e Psicológico #01 para Análise Coletiva

Estudo de Caso apresentado por um Psicopedagogo para análise compartilhada. 

Todos os dados pessoais aqui apresentados são fictícios por questões de ética e para preservação do aprendente/paciente. Essa nova categoria de postagem visa auxiliar e contribuir com profissionais da área de Psicopedagogia/Neuropsicopedagogia que estão em busca de aprimorar suas habilidades diagnósticas. Também esta voltada para profissionais que estão iniciando permitindo aos mesmos analisar os casos com uma visão mais ampla.

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É de suma importância conhecer casos reais para compreender os diversos fatos que poderão surgir ao longo da vida profissional. Desejamos que todos aqueles que sentirem o desejo de contribuir fiquem a vontade, todo conhecimento aqui é bem vindo. Vamos iniciar todos os finais de semana com casos novos, ou seja, você que deseja participar terá um semana inteira para fazê-lo.

 Compartilhar é a maneira mais nobre de Evoluir e Transformar o mundo a nossa volta. Daliane Oliveira, 2018.

Queixa e Situação Real
Dados pessoais Fictícios:

  • Nome: B
  • Data de nascimento: 28/05/2006
  • Escola: Escola Luzes
  • Ano escolar: 6º ano
Motivo da avaliação (Queixa):

Encaminhado pela Neurologia Infantil, com quadro de dificuldade no desenvolvimento escolar;

Atraso no desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas, quadro de hipotireoidismo, possível lateralidade cruzada;

A mãe diz que B apresenta dificuldades na aprendizagem (leitura, escrita, raciocínio lógico).

Instrumentos utilizados e análise dos resultados:

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Anamnese com os pais:

Foi relatado na anamnese que B nasceu de oito meses de parto cesárea, tem dificuldades de aprendizagem, coloca carrinhos um atrás do outro, estuda, mas esquece facilmente o que foi estudado, não gosta de barulho, sono tranquilo, bate quase o tempo inteiro em qualquer objeto ao seu alcance, tem movimentos repetitivos, roda bastante a anda e um lado para o outro. Faz acompanhamento com Pediatra e Neuropediatra

Faz uso do medicamento: Levoid 75.

EOCA:

Foi observada a postura corporal, gestos, tons de voz, modo de sentar e manipular objetos; escrita, desenho, leitura. Ele prontamente foi pegando alguns objetos.  Esquece facilmente das coisas, sempre diz que não sabe das coisas. Falou que sua disciplina preferida é Arte, não gosta nem de matemática e nem de português, quer ser engenheiro quando crescer. Gosta bastante de dinossauros, tem uma grande facilidade com desenhos. No que diz respeito à temática, sabe o que fala, expressa suas vontades com facilidade, fala de suas ideias de desejos, sua fala tem lógica e sequência de fatos, conversa sem constrangimento, fala algumas vezes baixo e em outras vezes alto, é criativo, gosta de desenhos, não gosta de escrever, desenha primeiro e só depois é que escreve, faz uso da letra cursiva, algumas vezes não entende o que escreve. Treme a mão, bastante educado, balança o tempo todo o corpo, desvia o olhar algumas vezes, fala infantilizada. Tem baixa autoestima, não acredita em si mesmo e em suas potencialidades.

Avaliação pedagógica:

Durante as atividades propostas, balançou bastante o corpo, o tempo inteiro, leu com um pouco de dificuldade, precisa melhorar a letra para um melhor entendimento, troca algumas letras, alguns erros ortográficos. Canta e fala enquanto faz a atividade. Tem dificuldade com a tabuada, faz uso dos dedos e tracinhos para resolver problemas matemáticos.

Provas projetivas:

PAR EDUCATIVO: Docente de costas, vínculo de aprendizagem o aluno se sente rejeitado pelo docente, vínculo relativamente importante. Vínculo no qual se supervaloriza quem ensina.

FAMÍLIA EDUCATIVA: sente que o grupo familiar serve-lhe de referência para se desenvolver e integrar modelos de aprendizagem, e exercita intensos mecanismos de identificação para a construção do vínculo de aprendizagem.

O DIA DO MEU ANIVERSÁRIO: aprendizagem com características assimiladora, com dificuldade para descentração do pensamento e para compreender o ponto de vista dos outros.

Provas Piagetianas:

1 – conservação de conjunto: Nível III, acima de cinco anos;

2 – Seriação de bastonetes: encontra-se no Nível 3: aproximadamente desde 6-7 anos, o sujeito antecipa com facilidade a escada, fazendo metodicamente a sua construção, colocando primeiro os bastões menores e a seguir em graduação até o final. Neste nível faz a descoberta, atrás do anteparo, exclui ou inclui bastões e constrói espontaneamente a linha de base.

3 – Dicotomia: Nível I, de 4-5 anos.

Conclusão: a Criança apresenta um pequeno atraso no pensamento abstrato e em seu desenvolvimento cognitivo.

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Avaliação dos cadernos:

Foi observado que falta organização. Percebeu-se também que os professores fazem a correção de algumas atividades e outras não, tem algumas atividades inacabadas, faz uso de letra cursiva, pode-se perceber que escreve bem rápido, resolução das atividades de matemática usando tracinhos e bolinhas. Atividades contendo respostas curtas e rápidas. Precisa ser trabalhada a escrita e leitura, ortografia, início de frases e espaços entre as palavras.

Teste de Audibilização:

Foi aplicado em duas sessões. Apresentou classificação superior.

Foram aplicados jogos de raciocínio lógico. B se envolveu bastante, vencendo todos os desafios.

Teste ABC:

Permite previsão de que aprenderá em um semestre letivo.

Recomendações e indicações:

Aos pais e avós:

Recomendo conversas diárias com B, fazendo-o perceber o quanto ele é importante e amado por todos e que pode aprender. Encaminho para atendimento com Neuropsicológico para serem aplicados os testes necessários. Incentivar a leitura e escrita em casa e na escola. A família sempre se organizar e rever a dinâmica familiar.

A escola:

Deixá-lo mais próximo dos professores, de modo que possa ser dada uma atenção especial. As avaliações se possível, serem feitas individuais, para então possibilitar a sua concentração. Estimular a oralidade e o pensamento, fazendo-o com que este possa pensar e argumentar as suas respostas. Estimular o trabalho em equipe para que os colegas o ajudem nas atividades. Acreditar no potencial dele. As avaliações devem ser orientadas pela psicopedagoga, fazendo as devidas observações.

Encaminho para uma intervenção psicopedagógica para serem trabalhados aspectos relacionados à aprendizagem, concentração, leitura e escrita, organização, lateralidade, coordenação motora, raciocínio lógico, potencializar suas habilidades;

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Encaminho para o Neuropediatra.

Imagem relacionada

Pareceres de outros Psicopedagogos de vários Estados do Brasil:

Pp. A – Vejo que foi feita várias avaliações.  Tem quadro sugestivo de autismo. O neuropediatra precisa fazer essa avaliação junto com uma equipe multidisciplinar.

Pp. B – Qual hipótese diagnóstica fornecida pelo neuropediatra? A criança apresenta sintomas sugestivos de disfunção do processamento sensorial. Já fez alguma avaliação com terapeuta ocupacional?

Resposta da Pp responsável pelo caso:: Sim. Pediu avaliação, TO e Psicopedagoga.

Pp. C – Excelente… com a avaliação da TO pode-se explicar essa dificuldade que pode ser de modulação ou discriminação sensorial. Percebo que essas características permeiam por vários diagnósticos, principalmente por que o sistema sensorial está alterado. Infelizmente o olhar fica mais direcionado ao TEA e na realidade essa disfunção não é obrigatório dessa condição diagnóstica.

Resposta da Pp responsável pelo caso: Foi o que pensei, porém a interação dele comigo, foi normal, e com a TO também. Relatório da TO: Dispraxia.

Pp. E – Nossa, mas os sintomas da dispraxia não condiz muito com o que você descreveu. Pelo que sei existem vários tipos de dispraxia acho que três da fala, motora e ela traz lentidão para realizar algumas atividades como: lento para tomar banho, escovar os dentes, pegar objetos, enfim são diferentes.

Pp. E – Então é mais lento?

Resposta da Pp responsável pelo caso: Nas minhas observações não.

Pp. E – Tem dificuldades na fala?

Resposta da Pp responsável pelo caso: Não, só fala infantilizada.

Pp. E – Outra observação é que a maioria das crianças com dispraxia tem dificuldades com desenhos. Seus desenhos são primitivos e eles têm dificuldades de digitalização. Bom pode ser que eu esteja enganada mas não acho que seja essa a hipótese.

Resposta da Pp responsável pelo caso: Ele é ótimo em desenhos. Não concordo também.

Pp. F – Te sugiro solicitar uma avaliação de uma TO especialista em integração sensorial para que seja aplicada a escala de perfil sensorial nessa criança por que são abordagens diferentes. Dispraxia pode justificar algumas das dificuldades apresentadas, mas não todas. Por isso é necessário a aplicação do perfil sensorial. Eu aplicaria mais alguns testes para uma melhor avaliação. A criança apresenta relatório fonoaudiológico? O que a fonoaudióloga infere?

Resposta da Pp responsável pelo caso: Não foi solicitado pelo Neuropediatra. Vou encaminhar então.

Pp. F – A escola lhe repassou algum relatório?

Resposta da Pp responsável pelo caso: Não, só chamou a mãe e falou da dificuldade de aprendizagem.

Pp. F – Você poderia pedir esse relatório então, solicitando que sejam pontuadas as dificuldades e potencialidades da criança no ambiente escolar. Até por que na escola a criança é apresentada a um ambiente não controlável como é na clínica.

Pp. G – Percebi sinais de TEA.

Pp. A – O que pode acontecer é que esses “sinais” são da disfunção sensorial que pode estar no TEA e também pode não estar. A própria disfunção sensorial vestibular e propioceptiva ocasiona esses sintomas que podem estar no transtorno do processamento sensorial puro, no DPAC, no TDL, no TEA. Para se fechar esse diagnóstico tem que se fazer uma avaliação séria.

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Caso aberto para discussão nos comentários, deixe seu parecer para contribuir com nosso primeiro estudo de caso.

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2 comentários sobre “Estudo de Caso Psicopedagógico e Psicológico #01 para Análise Coletiva

  • Hoje temos muitos recursos que nos permitem uma avaliação mais precisa e segura. O correto a fazer é encaminhá-lo a uma neuropsicologa para realizar alguns testes essenciais para o fechamento desse diagnóstico. A troca de informações entre os profissionais envolvidos é de extrema importância.

    Resposta
  • tadinho deve sofrer bastante com tudo isso, seria legal falar com um arte terapeuta que compartilhe do gosto pelo desenho e tenha os mesmo interesses, também já que gosta de desenho, difícil porque ai tem que indicar um monte de especialidades, ele tem fala infantilizada mais dificuldade com matemática no sexto ano já deveria ser capaz de racionalizar e fazer as operações sem a necessidade de pauzinho, pode ser um quadro discalculia e dislalia associada a uma capacidade superior para a escrita e desenho, com certeza ele é introspectivo já que a atividade de desenhar e escrever são características da introspecção.
    É preciso investigar possível discalculia e fala infantilizada, concordo com encaminhamento para neuropsicólogo ou neurologista.

    Resposta

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