Como lidar com crianças que se “acham”, chamam a atenção e criticam o professor?
Atualmente, as intensas queixas dos professores ao se referirem aos alunos denunciam os “maus comportamentos” ou “atos indisciplinados”, aos “apáticos” e “desinteressados”.
A depreciação e o desprezo que a criança lê no olhar do outro porque não corresponde ao ideal esperado, faz com que se sinta rejeitada, o que atinge o íntimo do seu ser. Torna-se complicado, para a criança que fracassa, sustentar identificações baseadas na rejeição e na renúncia do que pode usufruir de bom em determinada sociedade.
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A singularidade perdeu espaço, a não ser que seja tomada maciçamente sob o emblema: “o problema é do aluno que não quer aprender”. Segundo MRECH (1999), esse viés, destaca a importância de os professores descobrirem que “não basta querer para fazer”. É preciso, segundo ela, realizar uma passagem para entender que:
“Eu posso querer, mas não conseguir fazer, posso fazer sem querer, posso fazer sem saber que faço, posso saber fazer, etc.”
Se as escolas não admitem os limites dos alunos porque não conseguem lidar com as diferenças, é importante que o professor se indague até que ponto ele está implicado nessa impossibilidade, conclui a autora.
Todos os dias as escolas de todo Brasil recebem milhões de crianças que passam por situações inusitadas, desumanas e inacreditáveis. Também encontramos outras situações que geram um enorme transtorno como a falta de limites. Neste sentido, Içami Tiba e Julio Aquino, afirmam que a ausência de limites, instituídas na educação familiar por pais demasiadamente tolerantes, fecunda consequências desastrosas, produzindo crianças indisciplinadas, agressivas, insolentes e que vivem conflitos internos demonstrando insegurança em tudo o que realizam.
O abuso das crianças, ou seja, a violência sob todas as formas, pode causar graves prejuízos em seu desenvolvimento, com repercussões de longo prazo. É essencial entender suas ramificações não só como pais, mas como sociedade, para preveni-lo, detectá-lo e, em última análise, eliminá-lo em todas suas formas.
Contudo isso, percebe-se o porque de tantas crianças/jovens/adolescentes chegarem na escola com comportamentos tão destrutivos para todos a sua volta. O fato é que os mesmos não sabem como lidar com a triste realidade que vivem e acabam reagindo de maneira indevida e inapropriada.
Pense um pouco e seja sincero(a) consigo mesmo (a):
“Quantas vezes não conseguimos lidar com algumas situações e acabamos reagindo de maneira vergonhosa ou por vezes até agressiva?”
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Sabemos que somos adultos e deveríamos lidar com “TUDO”, da melhor forma possível sem perder a “cabeça”, mas a verdade é que até os mais calmos e passivos por vezes acabam perdendo o controle e se comportando inapropriadamente. Imagine só como uma criança reage a certas ações no dia a dia. Pensando assim é fácil compreendermos o quanto é complicado para as mesmas sobreviverem nessa “selva” em que muitos de nós vivemos.
Com tantos problemas a situação só tem piorado e quem mais sofre com isso além dos alunos, são os professores.
Veja alguns depoimentos reais que explicitam as dificuldades dos professores em sala de aula:
1.O meu contato com os alunos foi péssimo. Não me adaptei […] fui ficando angustiada. Não comia, não dormia…
2. Quando tinha o direito de promover essas crianças [que não eram alfabetizadas], a diretora não deixou… Fui entrando em depressão, depressão, um dia vi o sol preto…gritava muito na escola… misericórdia, misericórdia…
3. Para dar conta, o professor tem de ser pai, mãe, psicólogo e Deus”.
4. Tudo bem, você pode ficar [dirigindo-se à pesquisadora do fracasso escolar], mas quero que saiba que tenho 14 crianças com problema (PATTO, 1993. p.177).
5. Se eu chegar quinta-feira nesse colégio e não estiver aquele problema resolvido, é o meu último dia de magistério (LIMA, 2003, p.84).
6. [Os alunos] se negam a aprender, isso me tira do sério e, então, tenho medo da minha própria agressividade (CORDIÉ, 2003, p.26).
Com base no discurso desses docentes, podemos ressaltar que o que não vai bem na escola e na sala de aula interfere de maneira significativa na subjetividade deles e até mesmo a produz sintomas. Como se pode perceber, foram mencionados, na esfera das funções vitais, os sintomas de insônia e de perda do apetite; no plano do humor, o sintoma da depressão; e na relação com o trabalho a polaridade que vai do “ter de ser Deus” ao “desistir do magistério”.
Houve, ainda, o professor que expressou o seu receio de perder o controle diante da “negativa” dos alunos a aprender.
A indisciplina e a agressividade constituem um desafio para os docentes, representam um dos principais obstáculos ao trabalho pedagógico demonstrando a ausência de regras e limites por parte da criança.
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Até qual idade é normal a criança sentir-se o centro das atenções?
Se a criança tiver até 3 anos de idade, é normal que se sinta o centro do universo e queira atrair a atenção para si mesma. Mas devemos estar atentos para que este comportamento não se estenda por muito tempo, pois certamente isso irá acarretar sérios problemas.
Podemos estar diante de duas situações:
1 – Excesso de atenção;
2 – Falta de atenção.
No primeiro caso – Excesso de Atenção – a criança sempre teve muita atenção, pessoas e coisas à disposição dela, fazendo-a acreditar que tudo gira em torno dela. Normalmente quando se instala um comportamento inadequado numa criança é porque houve excesso ou falta de alguma coisa.
Nesse caso, pode ter havido excesso de concessões por parte dos adultos e coisas materiais. Além disso, falta de limites e ausência de outras crianças para aprender a dividir, desde a atenção dos pais até o pacote de biscoito e o controle remoto da TV.
O que fazer?
Primeiro, os pais devem entrar num acordo de que vão precisar mudar a maneira como lidam com essa criança, e começar a colocar no repertório da criança uma coisa que talvez ela tenha tido muito pouco que é a frustração. Dizer não à criança também é um ato de amor e necessário para a saúde física e emocional dela.
Uma criança sem limites é uma criança insegura e com o tempo vai tendo problemas de relacionamento. É preciso que haja essa intervenção urgente para que ela não se torne uma criança mimada para não se tornar o que é pior ainda, um adulto mimado.
Uma pessoa mimada é a eterna insatisfeita.
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Isso precisa ser conversado com a criança e trabalhado através de brincadeiras e leitura de histórias infantis com fundo moral sobre o egoísmo. Dizer para essa criança que uma pessoa egoísta acaba ficando sozinha, porque ninguém gosta de ficar perto de alguém assim. Pode-se criar uma historinha com bonequinhos ou através de desenhos. O importante é que o assunto seja abordado de maneira lúdica.
A outra possibilidade – Falta de Atenção – ocorre quando houve excesso de privação a essa criança nos primeiros meses de vida, como por exemplo, no caso das que foram adotadas, e chegam muito carentes de atenção e cuidados, não podendo abrir mão de nada, achando que poderão voltar à situação de privação.
Nesse caso, também há a necessidade de conversar com a criança de que ela foi escolhida por aqueles pais e que eles vão cuidar dela e ajudá-la a computar as coisas boas que recebe para que haja maior confiança nessa criança.
Também temos as crianças que não recebem a atenção necessária dos pais, por alguma alteração da rotina ou por comportamento normal, muito trabalho, falta de tempo e paciência. Os pais precisam entender que não adianta estar com a criança sem interagir com ela. Os pais precisam participar da vida dos filhos em quantidade e qualidade.
Todos têm necessidade de atenção. O limite é “ser inconveniente”.
Carência é um pedido de ajuda.
Pais e professores devem entender essa atitude como um pedido de ajuda. A carência afetiva infantil, se não for bem administrada, pode causar distúrbios de comportamento no futuro.
Então, qual deve ser a atitude do pai ou professor?
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Algumas dicas para você realizar em sala de aula:
1 – Estabeleça vínculos com seus alunos, conversando com eles, sendo amável e mostrando limites para um bom andamento da aula.
2 – Ore regularmente por seus alunos.
3 – Trate os pais de seus alunos como parceiros.
4 – Organize sua classe para que funcione bem e tenha rotinas bem estabelecidas.
5 – Determine padrões de comportamento para a classe.
6 – Elogie os alunos que seguem as regras.
7 – Chegue cedo à classe.
8 – Prepare a aula com antecedência.
9 – Demonstre liderança com amor.
10 – Use histórias para ilustrar o comportamento que você quer encorajar.
O primeiro passo é criar um vínculo com a criança. Especificamente para professores, o ideal é trazer os pais para uma reunião, orientação, palestra e participação na vida dos filhos. A criança precisa ver os pais demonstrando afeição, amor um pelo outro. Precisa aprender com os pais sobre amor, carinho, cuidados. A criança aprende a ser afetuosa, na medida certa, com a família e seu exemplo.
Fonte: http://ensinoinfantilnumclique.com.br/quando-a-crianca-e-o-centro-das-atencoes/
Sugestões de Materiais para criar vínculos com os alunos:
caderno-de-atividades-trabalhando-as-emocões
Exercicios e jogos matemáticos
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