Dupla Excepcionalidade (2E), você sabe o que é?
A dupla excepcionalidade (2e) é um dos temas mais complexos e negligenciados no campo das Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), justamente porque combina potencial excepcional com desafios específicos (como TDAH, dislexia, autismo, ansiedade, etc.).
Vamos explorar estratégias práticas baseadas em evidências para trabalhar com essas crianças, considerando sua formação em psicopedagogia, neuropsicopedagogia e sua vivência como mãe e professora.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

1. Entendendo a Dupla Excepcionalidade (2e)
- O que é? Crianças que apresentam AH/SD + uma condição neurológica, de aprendizagem ou emocional (ex.: superdotação + TDAH, autismo + altas habilidades matemáticas).
- Por que é um desafio?
- Os pontos fortes mascaram as dificuldades (ex.: uma criança com AH/SD e dislexia pode compensar a leitura lenta com memória excepcional, atrasando o diagnóstico).
- As dificuldades mascaram as altas habilidades (ex.: uma criança autista com QI muito alto pode ser vista apenas por seus desafios sociais, perdendo oportunidades de enriquecimento).
2. Estratégias Práticas para Intervenção
A. Avaliação e Identificação
- Ferramentas multidisciplinares:
- Testes de QI (ex.: WISC-V) com análise de discrepâncias (ex.: alta em raciocínio lógico, baixa em velocidade de processamento → possível TDAH).
- Avaliação psicopedagógica para transtornos de aprendizagem (ex.: TDE-II para dislexia).
- Escalas de comportamento (ex.: CBCL) e sobrexcitabilidades de Dabrowski.
- Observação contextual:
- Compare desempenho em atividades de interesse vs. tarefas rotineiras. Crianças 2e podem ter resultados inconsistentes.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

B. Adaptações Pedagógicas
- Para compensar dificuldades sem subestimar potencial:
- Se a criança tem AH/SD + TDAH:
- Use tempo estendido em provas + compactação de currículo (permitir pular conteúdos já dominados).
- Substitua tarefas repetitivas por projetos de escolha pessoal (ex.: criar um documentário em vez de fazer 20 exercícios de matemática).
- Se a criança tem AH/SD + dislexia:
- Permita respostas orais ou uso de tecnologia (leitor de texto, como o Adobe Read Aloud).
- Trabalhe com fontes dislexia-friendly (ex.: OpenDyslexic) e materiais audiovisuais.
- Se a criança tem AH/SD + autismo (TEA):
- Estruture oportunidades de hiperfoco produtivo (ex.: se obceca por dinossauros, use paleontologia para ensinar matemática e escrita).
- Crie roteiros sociais para ajudar em situações de grupo (ex.: como participar de uma discussão sem monopolizar a conversa).
- Se a criança tem AH/SD + TDAH:
C. Gestão Emocional e Social
- Perfeccionismo e frustração:
- Ensine mentalidade de crescimento (ex.: “Errar é parte do processo criativo”).
- Use histórias de cientistas que falharam (ex.: Thomas Edison) para normalizar o erro.
- Hipersensibilidade emocional:
- Técnicas de mindfulness adaptado (ex.: “5 sentidos” para aterrar durante crises).
- Caixa de regulagem sensorial (com itens como massa de modelar, fones com cancelamento de ruído).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

D. Trabalhando com a Família e a Escola
- Comunicação com professores:
- Ajude a escola a entender que crianças 2e não são “preguiçosas” ou “desafiadoras” – elas têm um perfil único que exige flexibilidade.
- Sugira planos de ensino individualizado (PEI) mesmo sem diagnóstico fechado, se houver necessidade.
- Empoderamento dos pais:
- Oriente famílias a não focar apenas nas dificuldades (ex.: em vez de “Você precisa melhorar na escrita”, diga “Vamos usar sua imaginação incrível para criar histórias”).
3. Casos Reais para Inspiração
- Exemplo 1: Criança com AH/SD + TDAH que odiava escrever. Solução: substituir redações por gravações de vídeo (YouTube-style) e, aos poucos, transcrever os roteiros.
- Exemplo 2: Adolescente autista + altas habilidades em música que tinha crises de ansiedade em apresentações. Solução: concertos em pequenos grupos (com pessoas conhecidas) e uso de óculos escuros para reduzir estímulos visuais.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Pergunta para Você:
Na sua prática, já encontrou casos em que uma criança tinha altas habilidades mas também dificuldades “invisíveis”? Como lidou com isso?