A Queixa e o Iceberg: Para Além do que é Visível
“A Queixa é apenas a Ponta do Iceberg” – Pp. Daliane Oliveira

Imagine um iceberg. O que vemos da superfície da água é apenas uma pequena ponta, imponente e clara, que alerta para um obstáculo. Na Psicopedagogia, a queixa inicial – seja uma dificuldade de leitura, um bloqueio em matemática, um comportamento de dispersão ou a suspeita de um transtorno – é exatamente essa ponta. É o sinal visível que motiva a busca por ajuda.
Observe que nenhum Iceberg é igual.



Como profissionais, somos chamados a olhar para essa ponta. No entanto, se nosso trabalho se limitar a lidar apenas com o que está aparente, estaremos apenas contornando o problema, sem jamais resolvê-lo de fato. A verdadeira origem daquela dificuldade não está na superfície, mas sim na imensa base submersa do iceberg, que sustenta e explica a existência da ponta.
Essa base é formada por uma complexa e única história de vida. São as experiências anteriores de aprendizagem, a qualidade dos vínculos afetivos, a dinâmica familiar, as crenças internalizadas sobre a capacidade de aprender, possíveis fatores emocionais, neurobiológicos e sociais. É um processo lento e gradual de formação, assim como o gelo que se compacta ao longo de anos para formar a massa principal do iceberg.

Portanto, nosso papel vai muito além de “consertar” a ponta. É uma missão de investigação e compreensão. Precisamos mergulhar fundo, com escuta sensível e avaliação criteriosa, para desvendar como aquela queixa se formou, que caminhos percorreu e quais fatores a sustentam. Só então podemos intervir de maneira significativa, trabalhando não apenas o sintoma, mas a estrutura que o alimenta.
Enquanto profissionais, somos os exploradores desse iceberg. A queixa é nosso ponto de partida, mas a jornada rumo às profundezas é onde verdadeiramente transformamos o processo de aprendizagem.
