O que é Psicopedagogia?
Alguns conceitos sobre o que é Psicopedagogia:
- A psicopedagogia consiste em um saber científico que une, principalmente, os conhecimentos da psicologia e da pedagogia. Contudo, é uma área bastante multidisciplinar, abarcando também conhecimentos da neurologia, psicolinguística e antropologia, dentre outras disciplinas.
- A psicopedagogia é o campo do saber que se constrói a partir de dois saberes e práticas: a pedagogia e a psicologia.
- A psicopedagogia é o ramo da psicologia que tem em atenção os fenômenos de foro psicológico para chegar a uma formulação mais adequada dos métodos didáticos e pedagógicos.
- A Psicopedagogia é a área de conhecimento, atuação e pesquisa que lida com o processo de aprendizagem humana, visando o apoio aos indivíduos e aos grupos envolvidos neste processo, na perspectiva da diversidade e da inclusão.
- A Psicopedagogia é um campo relativamente recente no Brasil e resulta da articulação de diferentes campos de conhecimento buscando soluções novas para problemas antigos da educação, ou seja, os problemas de aprendizagem.
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Um pouco da História
O movimento da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na Argentina. Alicia Fernández é uma percursora da Psicopedagogia, nascida em Buenos Aires em 1944, se formou em psicopedagogia pela Universidade de El Salvado.
As ideias dos argentinos muito têm influenciado a nossa prática, principalmente no que se refere a Psicopedagogia.
A Psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 70, em uma época cujas dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos (BOSSA, 2000, p. 48-49).
A Psicopedagogia começou a se estruturar no Brasil desde a década de 60, quando alguns autores brasileiros buscaram através de muitas pesquisas e estudos encontrar os reais motivos para os problemas (deficiências/dificuldades) relacionados a aprendizagem.
Segundo o Portal Educação esses são alguns traços Históricos da Psicopedagogia no Brasil:
• Desmembramento das faculdades de educação em faculdade de Pedagogia e Psicologia.
• Comprometimento do currículo.
• Demanda por profissionais mais qualificados.
• Revisão curricular na universidade e busca por um referencial mais globalizante e menos tecnicista no final dos anos 70 e início da década de 80.
• Profissionais que trabalhavam com crianças com problemas de aprendizagem buscam um aprofundamento maior.
• Pesquisas na Argentina e a vinda ao Brasil do Professor Quirós.
• Influência de trabalhos de outros países através de uma bibliografia consistente.
• Criam-se os primeiros cursos com enfoque psicopedagógico no início da década de 70 na PUC/São Paulo.
• Profissionais que atuavam nas escolas não tinham visão clara dos problemas de aprendizagem.
• Distância entre o acesso à produção de Piaget e a prática escolar gerando inquietude nos profissionais.
• A busca por um caminho que possibilitasse uma visão mais abrangente que incluísse aspectos psicomotores, cognitivos e emocionais envolvidos na aprendizagem.
• Cria-se em 1979, em São Paulo, no Instituto Sedes Sapientiae, o primeiro curso regular de Psicopedagogia.
• A partir da década de 80 surgem os cursos de especialização Lato Sensu em Psicopedagogia, a princípio em São Paulo e, posteriormente, em outras instituições e regiões do Brasil.
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Influências de outras culturas
Sampaio (2006) confirma que o Brasil recebeu influências tanto americanas, quanto europeias, através da Argentina. Notadamente no sul do país, a entrada dos estudos de Quirós, Jacob Feldmann, Sara Paín, Alicia Fernández, Ana Maria Muñiz e Jorge Visca enriqueceram o desenvolvimento desta área de conhecimento no Brasil, sendo Jorge Visca um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil.
Visca foi o criador da Epistemologia Convergente, uma linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Teoria Psicogenética de Piaget; Escola Psicanalítica (Freud); e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière.
Visca propõe o trabalho com a aprendizagem, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse.
Alicia Fernández (2001) entende que “A psicopedagogia vem para explicar também que na fabricação do problema de aprendizagem como sintoma intervém questões que dizem respeito à significação inconsciente do conhecer e do aprender e ao posicionamento diante do escondido.”
Segundo ela, para que ocorra a aprendizagem, é preciso que quem aprende possa conectar-se mais com seu sujeito ensinante do que com seu sujeito aprendente, e quem ensina possa conectar-se mais com seu sujeito aprendente do que com seu sujeito ensinante.
Segundo FERNÁNDEZ APUD BOSSA , a psicopedagogia como uma disciplina com um objeto próprio: a autoria do pensamento e como um acionar dirigido a sujeitos, por ela conceitualizados como “aprendente” e “ensinante”.
Em seu livro “Os idiomas do aprendente” Alicia Fernandez aborda o papel do inconsciente na aprendizagem: Não cabe ao psicopedagogo buscar culpados, mas sim investigar causas, fraturas e , acima de tudo, apontar caminhos, novas estratégias de ensinar e aprender. Estes caminhos devem fugir de paradigmas, permitir o novo, o criativo, o lúdico. Somos todos essencialmente humanos.
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Todos tem um potencial e uma modalidade particular de aprender, permeada por subjetividades, vivências, desejos. Pode-se dizer que o diferencial da psicopedagogia é que ela não se preocupa com conteúdos aprendidos ou não, mas sim como se posicionam os ensinantes e aprendentes e procura como se dá a relação com o conhecer e o saber.
Para Alicia Fernández a intervenção psicopedagógica não se dirige ao sintoma, mas o poder para mobilizar a modalidade de aprendizagem, o sintoma cristaliza a modalidade de aprendizagem em um determinado momento, e é a partir daí que vai transformando o processo ensino aprendizagem.
DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
O Diagnóstico Psicopedagógico tem como finalidade compreender a relação que o sujeito tem com o aprender, procurando entender os motivos que o leva a não aprender ou a apresentar dificuldades no processo de aprendizagem.
Durante o diagnóstico, ocorre uma investigação sobre o modo de pensar, sobre o que pode estar oculto na criança ou no jovem com dificuldades no processo de aprendizagem.
Esse processo requer sensibilidade e competência do psicopedagogo. Ele deve saber realizar a escuta clínica, ou seja, buscar a compreensão do sentido que o indivíduo atribui ao aprender, as dificuldades que vivencia neste processo e as razões que influenciam ou determinam a não aprendizagem.
Torna-se preocupante os efeitos nocivos de uma ação diagnóstica realizada sem os devidos cuidados, não ouvindo o sujeito do aprender, nem considerando sua história de vida.
Alicia Fernández ao estudar a especificidade do diagnóstico psicopedagógico, afirma:
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Um diagnóstico psicopedagógico de uma criança ou adolescente busca responder a interrogações particulares, tais como:
- Com que recursos conta para aprender?
- O que significa o conhecimento e o aprender no imaginário do sujeito e sua família?
- Que papel foi-lhe designado por seus pais em relação ao aprender?
- Qual é sua modalidade de aprendizagem?
- Qual é a posição do sujeito frente ao não dito, ao oculto, ao secreto?
- Que função tem o não aprender para ele e para seu grupo familiar?
- Qual é o significado da operação particular que constitui o sintoma?
- Como aprende e como não aprende?
O não aprender responde a um sintoma, ou é uma resposta reativa ao meio socioeducativo? (FERNÁNDEZ, 1991, p. 37-38)
No diagnóstico do problema de aprendizagem, Paín (1985) acredita ser importante conhecer o tipo de vínculo que a paciente pretende criar com o terapeuta. Com esse fim, ela procura saber como ele foi encaminhado ao consultório e se está lá por vontade própria.
Outro aspecto significativo é perceber o nível de ansiedade da demanda com relação à honorários e horários.
A exposição de problemas e queixas, pelo telefone, também revela o estado emocional do paciente e define o vínculo. Importante também é conhecer o seu objetivo antes da primeira entrevista. A ação do psicólogo variará de acordo com este objetivo.
(…) se se trata apenas de uma consulta, nossa missão será estabelecer o diagnóstico do déficit na aprendizagem e informar sobre os fatores positivos e negativos que, em cada caso, podem facilitar ou deteriorar os processos cognitivos.
Ainda de acordo com Weiss (2012), o diagnóstico psicopedagógico consiste em um trabalho de pesquisa no sentido de esclarecer a queixa feita pelo paciente, pela família ou pela escola.
Weiss (2012) se utiliza do método clínico, estudando cada caso em suas especificidades. Seu trabalho é de investigação sobre o não aprender e o aprender com dificuldades. Afirma a autora:
Todo diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma investigação, uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e, na maioria das vezes, da escola.
No caso, trata-se do não aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente, do não revelar o que aprendeu, do fugir de situações de possível aprendizagem.
Diante da queixa da não-aprendizagem o psicopedagogo deve buscar o sintoma, ou seja, o que é percebido pelo próprio indivíduo ou pelo outro.
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Visca (2010) não propõe para o diagnóstico uma sequência rígida. Entretanto, ele sugere que o início do mesmo não deva ocorrer com a anamnese, como é feito tradicionalmente.
Justifica sua posição afirmando que os pais, durante a fase da anamnese, podem influenciar o agente corretor com suas opiniões, mesmo que esta tenha uma postura neutra em relação ao paciente. Pretende preservar o problema do paciente de qualquer influência.
O processo diagnóstico, segundo Jorge Visca (2010), começa com a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA). São identificados os sintomas e levantadas as hipóteses sobre as causas atuais da problemática apresentada.
Visca (2010) apresenta um esquema sequencial para estruturar o diagnóstico, baseado na Epistemologia Convergente.
- Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA).
- Testes (segundo as linhas de investigação).
- Anamnese (aberta, situacional e segundo as linhas de investigação).
- Elaboração do informativo (primeiro com imagem do sujeito, segundo com formulação escrita de hipóteses a comprovar).
- Entrevista devolutiva aos pais e ou ao paciente. (VISCA, 2010, p. 71)
A epistemologia convergente criada por Visca (2010) possibilita a análise do homem em seu processo do aprender em uma abordagem pluridimensional. A Epistemologia Convergente é constituída por fundamentos da Psicanálise, da Psicologia Genérica e da Psicologia Social.
Ler mais sobre Diagnóstico Psicopedagógico: https://pt.linkedin.com/pulse/relev%C3%A2ncia-do-diagn%C3%B3stico-psicopedag%C3%B3gico-sandra-rebel
Quais são as áreas de atuação do Psicopedagogo?
O psicopedagogo estuda os processos de aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos. Ele identifica as dificuldades e os transtornos que interferem na assimilação do conteúdo. Promove intervenções em caso de fracasso ou de evasão escolar.
Este bacharel também está apto a atuar com pacientes em hospitais, em ONGs ou em centros comunitários. Pode, ainda, manter consultório, orientando estudantes e seus familiares no processo de aprendizagem.
O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir.
- O Psicopedagogo na Instituição Escolar
- O Psicopedagogo Clínico
- O Psicopedagogo Empresarial
- O Psicopedagogo Hospitalar
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Existem outras formas de ganhar dinheiro na área. Ofertar serviços intelectuais, ou seja, utilizar os conhecimentos adquiridos e ensinar aqueles que precisam de alguns tipos específicos de esclarecimentos.
- A Intervenção do Psicopedagogo junto à Família (Atendimento Domiciliar)
- Psicopedagogia em Núcleos Municipais de Apoio
- Psicopedagogia em ONGS
- Psicopedagogos Autônomos/Espaço Psicopedagógico (em casa – local alugado)
- Supervisão
- Consultorias
- Oferecer Treinamentos e Cursos para profissionais da área, professores e pais.
As áreas de atuação na Psicopedagogia são diversas e muito promissoras visto que é uma área ainda em expansão.
Quanto ganha um(a) Psicopedagogo?
Um(a) Psicopedagogo ganha em média R$ 2.286,12 por mês no mercado de trabalho brasileiro, para uma jornada de trabalho de cerca de 33 horas semanais segundo dados oficiais do Ministério do Trabalho.
Para sabermos exatamente quanto ganha um profissional no cargo de Psicopedagogo calculamos a média salarial de profissionais que tenham sido contratados formalmente nos últimos 8 meses com carteira assinada.
Evolução do salário de Psicopedagogo mês a mês
Esse gráfico mostra o salário de Psicopedagogo mês a mês de acordo com a pesquisa salarial. Atualmente estamos calculando dados salariais de 09/2017 até 04/2018.
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Quanto custa montar meu Espaço Psicopedagógico?
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Como montar minha Clínica Psicopedagógica?
http://blog.psiqueasy.com.br/2017/09/10/montar-clinica-psicopedagogica/
Quanto cobrar por cada Sessão Psicopedagógica?
http://blog.psiqueasy.com.br/2018/06/19/masc-escala-multidimensional-de-ansiedade-para-criancas/
Como conseguir clientes para minha “Clínica” Psicopedagógica?
http://blog.psiqueasy.com.br/2018/01/03/conseguir-clientes-psicopedagogica/
Quer divulgar seu Espaço Psicopedagógico e obter mais pacientes?
O que fazer na 1ª Sessão Psicopedagógica?
http://blog.psiqueasy.com.br/2018/05/29/o-que-fazer-na-1a-sessao-psicopedagogica/
Como organizar o Controle Financeiro do meu Espaço Psicopedagógico?
Testes Psicopedagógicos para Baixar e Imprimir
http://blog.psiqueasy.com.br/2017/09/12/links-de-testes-psicopedagogicos-diversificados/
Veja ainda: AEE substitui o Acompanhamento Psicopedagógico/Neuropsicopedagógico?